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DE MINICONTOS E HAICAIS
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concursoliterario@guemanisse.com.br
Objectivando incentivar a literatura no país, dando ênfase na publicação de textos, a GUEMANISSE EDITORA E EVENTOS LTDA promove o 5º CONCURSO LITERÁRIO GUEMANISSE DE MINICONTOS E HAICAIS, composto por duas categorias distintas:
a) Minicontos;
b) Haicais,
o qual será regido pelo seguinte
REGULAMENTO
1. Podem concorrer quaisquer pessoas, de qualquer país, desde que os textos inscritos sejam em língua portuguesa. Os trabalhos não precisam ser inéditos e a temática é livre.
2. As inscrições se iniciam em 08 de JULHO de 2011 e se encerram no dia 31 de AGOSTO de 2011. Os trabalhos enviados após esta data não serão considerados para efeito do concurso, e, assim como os demais, não serão devolvidos. Para tanto será considerada a data de postagem (correio e internet).
3. O limite de cada MINICONTO é de até 2 (duas) páginas. Os HAICAIS se prendem à sua forma tradicional.
4. Os textos devem ser redigidos em folha A 4, corpo 12, espaço 1,5 (entrelinhas) e fonte Times ou Arial.
5. As inscrições podem ser realizadas por correio ou pela internet da forma seguinte:
a) Via postal (correio): os trabalhos podem ser enviados em papel, CD ou disquete 3 ½ para Guemanisse Editora e Eventos Ltdª. CAIXA POSTAL 31.530 - CEP 20780-970 - Rio de Janeiro –RJ;
b) Internet: os trabalhos devem ser enviados, em arquivo Word, para o e-mail concursoliterario@guemanisse.com.br
(com cópia para editora@guemanisse.com.br)
6. Tanto os MINICONTOS quanto os HAICAIS devem ser remetidos em 1 (uma) via, devendo, em folha (ou arquivo word) separada, conter os seguintes dados do concorrente:
a) Nome completo;
b) Nome artístico, com o qual assina a obra e que será divulgado em caso de premiação e/ou publicação;
c) Categoria a que concorre;
d) Data de nascimento / profissão;
e) Endereço completo (com CEP) / e endereço electrónico (e-mail).
7. Cada concorrente pode realizar quantas inscrições desejar.
8. Para a categoria MINICONTOS, o valor de cada inscrição é de R$ 30,00 (trinta reais), podendo o autor inscrever até 3 (três) textos por inscrição.
Para a categoria HAICAIS, o valor de cada inscrição é de R$ 30,00 (trinta reais) podendo o autor inscrever até 5 (cinco) textos por inscrição. Os valores devem ser depositados em favor de GUEMANISSE EDITORA E EVENTOS LTDA, na Caixa Económica Federal, Agência 2264, Oper. 003 Conta Corrente Nº 451-7
9. A remessa do numerário referente à inscrição, quando feita do exterior, deve ser efetuada através dos correios;
10. Os comprovantes de depósito (nos quais os concorrentes escreverão o nome) devem ser remetidos para Guemanisse Editora e Eventos Ltda. pelo correio, pela internet (scanneados) ou para o fax(21) 3734-2005. Nenhum valor de inscrição será devolvido.
11. Os resultados serão divulgados pelo nosso site www.guemanisse.com.br, pela mídia e individualmente (por e-mail) a todos os participantes, no dia 03 de OUTUBRO de 2011.
12. Cada Comissão Julgadora será composta por 3 (três) nomes ligados à literatura e com reconhecida capacidade artístico-cultural. Ambas as Comissões podem conceder menções honrosas.
13. As decisões das Comissões Julgadoras são irrecorríveis.
14. Para cada Categoria (Contos e Poesias), a premiação será nos seguintes valores:
a) Premiação em dinheiro:
1º lugar: R$ 3.000,00 (três mil reais) e publicação do texto em livro;
2º lugar: R$ 2.000,00 (dois mil reais) e publicação do texto em livro;
3º lugar: R$ 1.000,00 (mil reais) e publicação do texto em livro.
b) Premiação de publicação em livro:
Os textos premiados, inclusive os que forem agraciados com MENÇÃO HONROSA e/ou MENÇÃO ESPECIAL, serão publicados em livro (sem ónus para seus autores, inclusive de remessa postal) e cada um destes autores receberá dez exemplares, a título de direitos autorais. Os direitos autorais subsequentes a esta edição são de propriedade dos seus autores, não tendo a Guemanisse nenhum direito sobre os mesmos. Esta edição específica não poderá ultrapassar a tiragem de 2.000 (dois mil) exemplares, e os livros restantes desta edição serão preferencialmente distribuídos por bibliotecas e escolas públicas.
15. A inscrição no presente concurso implica na aceitação plena deste regulamento.
(*)http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://www.cienciapt.net/noticias/imagens/novas/concurso_literario.jpg&imgrefurl=http://www.cienciapt.net/pt/index.php%3Foption%3Dcom_content%26task%3Dblogcategory%26id%3D158%26Itemid%3D346%26limit%3D9%26limitstart%3D27&usg=__iQHTLj07phRQxei5cPu6DPDRHeQ=&h=220&w=240&sz=11&hl=pt-PT&start=18&sig2=NFaTs7CRIvRsAHy_pL3n4A&zoom=1&tbnid=ydnCn99NZ-Gy6M:&tbnh=121&tbnw=135&ei=rb0aTqrSD5Cv8QPSnugs&prev=/search%3Fq%3Dconcurso%252Bliter%25C3%25A1rio%26um%3D1%26hl%3Dpt-PT%26biw%3D1093%26bih%3D538%26tbm%3Disch&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=855&vpy=97&dur=315&hovh=154&hovw=168&tx=99&ty=109&page=2&ndsp=19&ved=1t:429,r:11,s:18&biw=1093&bih=538
Teria eu os meus dezoito ou vinte anos quando comecei a ler os livros de Wenceslau de Morais. Não sei quais e quantos li, mas a verdade é que me “apaixonei”, como ele, pelo Japão, e sonhava em como seria bom ter para mulher uma “geisha”, com toda aquela cultura de dedicação ao lar, ao marido, procurando fazê-lo, sempre, feliz!
Mas nessa altura, há já alguns anos, eu tinha a minha “futura geisha” lusitana, que não largava de jeito nenhum, e prova disso é que, fora o tempo de namoro, de casados vão quase 57 anos, e os sonhos das japonesas, sempre desfeitos ao terminar cada livro!
Mas isso não impede que continue a ter pela leitura de Wenceslau de Morais o mesmo gosto.
Um homem que “jogou tudo para o ar” para gozar a sua independência, a sua paz, enfim, a sua vida sem interferências de chefes, burocracias, e outros males semelhantes que nos torturam e aprisionam.
O texto que segue mostra o sofrimento de um homem, que conquistou a sua liberdade, a sua paz, ao ver um semelhante, sim, semelhante, preso, a sofrer.

OS BICHOS, NOSSOS IRMÃOS
Visitei hoje, pela segunda vez, uma exposição zoológica que aqui se estabeleceu há poucos dias e vai já seguir para outra parte, colhidos alguns cobres. Entrando no recinto, relanceei apenas o belo tigre, voltei as costas ao urso branco e não fiz caso da outra bicharia; passando rapidamente entre gaiolas até ao meu destino, pois ia ali com o único propósito de dizer adeus a um amigo, o orangotango.
Lá estava ele, na sua estreitíssima prisão, entre grades, como eu o vira anteriormente e desde então lhe votei intensa simpatia.
Que olhar!... Naquele olhar, que abismo de profundíssima tristeza!... Que epopeia inteira de angústias!... Só vendo-o, só vendo-o como eu o vi, é que se pode compreender tamanha dor!...
Fazia um frio cortante, de princípio de Fevereiro. Fora, junto das grades, de uma velha lata de folha improvisara-se um braseiro, onde ardiam carvões, em atenção ao pobre bruto. É que o orangotango (a palavra é malaia e quer dizer — homem dos bosques), tirado de Bornéu, a sua ilha de clima ardente, e trazido para climas frios, morre de tísica; por certo, a boa alma que comprou, e talvez caro, o exemplar que eu tinha à vista, cuidava de retardar quanto possível, por óbvios motivos económicos, o triste desfecho inevitável.
Por cerca de meia hora, pus-me a contemplar o homem dos bosques. Tinha a aparência de um velho, ou antes de um pobre ente envelhecido de sofrer. Na face, emaciada, quase humana, traduzia-se principalmente a expressão de uma enormíssima canseira, de uma enormíssima desesperança, amenizadas por uma resignação quase cristã!... Conservava-se de ordinário deitado sobre a enxerga. Tinha entre as mãos um martelo, que o guarda, julgo, lhe lançara por dó, para com ele se entreter, como um brinquedo, nos seus constantes ócios. Maquinalmente, ora mirava a cabeça do martelo, ora mirava o cabo, abandonando-o após, enfastiado. Variando de diversão, começou a puxar da enxerga rota algumas palhas que metia entre os dentes, mordiscando-as. O guarda então zangou-se, berrou, ameaçou o prisioneiro com os ferros com que ia atiçando o fogo do braseiro, o que lhe provocou um gesto e um olhar terríveis, gesto e olhar de medo, justificado sem dúvida por experiências anteriores, gesto e olhar de ódio, de impotência, de alucinação, mas que só durou um momento, voltando o homem dos bosques à sua compostura habitual, de mártir resignado. Passou a mão nervosa sobre a fronte, encostou a cabeça às grades da gaiola; parecia querer chamar o sono, mas o sono não lhe vinha...
A populaça ria.
Eu estava aterrado, pensando, pensando, nem eu sei em que pensava!...
No divagar do pensamento, julguei ter visto já e ser-me mesmo familiar a fisionomia do cativo. Ah, não havia dúvida, era ele!... Eu via-me em presença daquele tipo, já hoje legendário, do bem conhecido Zé-povinho, que Rafael Bordalo, o grande artista, tantas vezes traçara com o seu lápis, há vinte ou trinta anos, nos papéis. Tive então a ilusão nítida de contemplar naquele cárcere um mísero homem do povo, um carpinteiro português, a quem por escárnio houvessem consentido que trouxesse consigo a ferramenta do ofício; condenado, sem culpa formada, a cativeiro perpétuo, até que a tísica... o indultasse!...
Ia gritar-lhe: — Ó, patrício!... — quando volvi à noção da realidade, não muito, menos cruciante, todavia. Não era o Zé-povinho que ali estava. Era um simples homem dos bosques, um macaco, arrancado de Bornéu, da sua bela selva, ensombrada e abrasadora, arrancado da sua família de macacos e vendido a um empresário japonês; já agora, condenado a correr de terra em terra — de Kobe para Tokushima, de Tokushima para Osaka, de Osaka para Kyoto — por este clima inconstante que é o clima do Japão, onde alternam verões sufocantes, dignos de Bornéu, com Invernos rigorosos de neves e geadas; tendo por domicílio o cárcere, por divertimento um martelo, por carícia o contacto de dois ferros incandescentes e por esperança... a tísica!...
Quando julguei não dever mais prolongar a minha visita, aproximei-me da gaiola e murmurei ao homem dos bosques: — Adeus, meu amigo, boa viagem; e até breve, não é verdade?... — E retirei-me, sem esperar pela resposta...
(O Bon-Odori em Tokushima, 1916)
Rio de Janeiro, 15/02/2011
Francisco Gomes de Amorim