Segunda-feira, 21 de Março de 2011

LUZ DO MUNDO

 (*)

Santo António foi luz do mundo porque foi verdadeiro português; e foi verdadeiro português porque foi luz do mundo. (…)

Bem pudera Santo António ser luz do mundo sendo de outra nação; mas uma vez que nasceu português, não fora verdadeiro português se não fora luz do mundo; porque ser luz do mundo nos outros é só privilégio da Graça [mas] nos portugueses é também obrigação da natureza.

 

 (**)

Padre António Vieira, Sermão de Santo António pregado em Roma na igreja de Santo António dos Portugueses no dia 22 de Maio de 1670.

 

  In «PORQUÊ E PARA QUÊ – Pensar com esperança o Portugal de hoje», D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, ed. Assírio & Alvim, Novembro de 2010, pág. 15

 

(*)http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://vidaespiritualidade.files.wordpress.com/2010/06/santo-antonio.jpg&imgrefurl=http://vidaespiritualidade.wordpress.com/2010/06/16/santo-antonio-imagem/&usg=__UWQWDOcA1PnuGS91uKARNoOP6Vc=&h=400&w=364&sz=41&hl=pt-pt&start=0&zoom=1&tbnid=XFh8-7rWdNXvoM:&tbnh=147&tbnw=138&ei=yQWHTbiiHIeG5AbIruTgCA&prev=/images%3Fq%3DSanto%252BAnt%25C3%25B3nio%26um%3D1%26hl%3Dpt-pt%26sa%3DN%26biw%3D1007%26bih%3D681%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=377&vpy=335&dur=2917&hovh=235&hovw=214&tx=132&ty=192&oei=qAWHTdKUDITOsgbnuriqAw&page=1&ndsp=17&ved=1t:429,r:14,s:0

 

(**)http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://lh5.ggpht.com/_KWYLcDJ_gF4/SgkoCO2nMYI/AAAAAAAAGHc/eGZqtWOSoWg/Grandes.Livros.Episodio.6.Sermao.de.Santo.Antonio.aos.Peixes.2.jpg&imgrefurl=http://www.therostrum.net/viewtopic.php%3Ff%3D835%26t%3D12345%26p%3D23513&usg=__c1rCq1kvaqZLsVWYg3J5GMb0Bbs=&h=456&w=700&sz=32&hl=pt-pt&start=61&zoom=1&tbnid=nFTHd7lsW-64oM:&tbnh=149&tbnw=205&ei=pending&prev=/images%3Fq%3DSanto%252BAnt%25C3%25B3nio%26um%3D1%26hl%3Dpt-pt%26sa%3DN%26biw%3D1007%26bih%3D681%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=rc&dur=390&oei=qAWHTdKUDITOsgbnuriqAw&page=5&ndsp=14&ved=1t:429,r:2,s:61&tx=114&ty=62

publicado por elosclubedelisboa às 07:55
link | comentar | favorito
Domingo, 20 de Março de 2011

HISTÓRIA EM LISBOA – 3

 

LISBOA DO SOL NASCENTE – 2

 

 

Junto à margem do salgado Tejo, existia um poço de água doce que servia a população ribeirinha. Realidade geológica de clinais e anticlinais que fazem a separação das águas que ainda hoje desperta a curiosidade científica mas que naquelas remotas épocas por certo evocaria misteriosas vontades divinas.

 

Séculos mais tarde, D. Tomás de Almeida, arcebispo de Lisboa, mobilizou cabedais próprios e mandou erigir junto ao Tejo a sua residência pessoal de modo a que se pudesse deslocar de barco até ao sopé da colina em que se situa a Sé. Navegava em vez de ter que penar por veredas dos arrabaldes da cidade ou ter que sofrer das insalubridades típicas de intra-muros. Essa nobre residência, a que o povo passou a chamar de “Palácio da Mitra”, também se servia do dito poço.

 

  D. Tomás de Almeida, 1º Cardeal Patriarca de Lisboa

 

Foi com faustosas mordomias que D. João V conseguiu da Santa Sé que o Arcebispo de Lisboa fosse elevado a Patriarca e à honra cardinalícia mas se essa nova dignidade tanto agradava ao Rei, teve este que providenciar ao Patriarcado os rendimentos que permitissem o financiamento de tanta pompa e cerimonial. Assim foi que a Quinta de Marvila, ampla unidade agrícola sobranceira ao Tejo, passou do património real para o do Patriarcado.

 

 (*)

Palácio da Mitra – por esta porta acedia o Cardeal à praia do Tejo para navegar rumo à Sé

 

Mas D. Tomás de Almeida tinha grande experiência de administração do seu próprio património assim tomando as providências necessárias para que a Quinta de Marvila deixasse o estado de abandono em que se encontrava passando a produzir em conformidade com as necessidades financeiras do dispendioso Patriarcado de Lisboa. Uma das decisões mais importantes que o Cardeal tomou foi a de murar a Quinta de modo a que não mais fosse devassada por “estranhos ao serviço”. Mas teve o cuidado bem cristão de deixar extra-muros o tal poço junto ao rio a que o povo acorria para se dessedentar.

 

E o povo, agradecido, passou a chamar-lhe o "Poço do Bispo". Houvera nesta cidade mais cuidado com as histórias que por ela correm e teria eu encontrado uma imagem do poço que parece estar hoje enclausurado em traseiras de prédio de arquitectura apócrifa.

 

Nada do referido nesta charla é importante mas a História não se faz apenas de Aljubarrotas.

 

Henrique Salles da Fonseca

 

(*)http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://marcasdasciencias.fc.ul.pt/imagem/db_marcadasciencias/imagens/reduzido/5032.jpg&imgrefurl=http://www.geocaching.com/seek/cache_details.aspx%3Fwp%3DGC2NMMX&usg=__7RKRdAYLIxo3sLnPCy0FWt_vSZA=&h=218&w=300&sz=15&hl=pt-pt&start=0&zoom=1&tbnid=vAUQt--oaQQrHM:&tbnh=125&tbnw=184&ei=vceFTdnjOZGLswaakeSKBw&prev=/images%3Fq%3DD.%252BTom%25C3%25A1s%252Bde%252BAlmeida%26um%3D1%26hl%3Dpt-pt%26sa%3DN%26biw%3D1021%26bih%3D681%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=rc&dur=655&oei=vceFTdnjOZGLswaakeSKBw&page=1&ndsp=23&ved=1t:429,r:12,s:0&tx=100&ty=69

tags:
publicado por elosclubedelisboa às 09:19
link | comentar | favorito
Sábado, 19 de Março de 2011

LÍNGUA PORTUGUESA

Uma língua é o lugar donde se vê o mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso, a voz do mar foi a da nossa inquietação.

 

Virgílio Ferreira (1916 - 1996)

 

Nasceu em Melo, aldeia do concelho de Gouveia, na Beira Alta, a meio da tarde do dia 28 de Janeiro de 1916, filho de António Augusto Ferreira e de Josefa Ferreira que, em 1920, emigraram para os Estados Unidos da América em busca de melhores condições de vida. Então, o pequeno Vergílio é deixado mais os irmãos ao cuidado de tias maternas. Esta dolorosa separação é descrita em Nitido Nulo. A neve - que virá a ser um dos elementos fundamentais do seu imaginário romanesco é o pano de fundo da infância e adolescência passadas na zona da Serra da Estrela. Aos dez anos, após uma peregrinação a Lourdes, entra no Seminário do Fundão que frequentará durante seis anos. Esta vivência será o tema central de Manhã Submersa.

 

Em 1932, deixa o Seminário e acaba o Curso Liceal no Liceu da Guarda. Entra para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, continuando a dedicar-se à poesia, nunca publicada, salvo alguns versos lembrados em Conta-Corrente e, em 1939, escreve o seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe. Licenciou-se em Filologia Clássica em 1940. Concluiu o Estágio no Liceu D.João III (1942), em Coimbra. Começa a leccionar em Faro. Publica o ensaio "Teria Camões lido Platão?" e, durante as férias, em Melo, escreve "Onde Tudo Foi Morrendo". Em 1944, passa a leccionar no Liceu de Bragança, publica "Onde Tudo Foi Morrendo" e escreve "Vagão "J"" que, publicou em 1946; no mesmo ano em que se casou, com Regina Kaspryzkowsky, professora polaca que se encontrava em Portugal refugiada da guerra e com quém Vergílio ficaria até à sua morte. Após uma passagem pelo liceu de Évora (onde escreveu o romance Aparição, corria o ano de 1953), fixa-se como docente em Lisboa, leccionando o resto da sua carreira no Liceu Camões.

 

Em 1980, o realizador Lauro António adapta ao cinema o romance Manhã Submersa e Vergílio Ferreira intrepreta um dos principais papéis, o de Reitor do Seminário, contracenando assim com outros grandes vultos da cena portuguesa.

Vergílio Ferreira morreu no dia 1 de Março de 1996, em sua casa, em Lisboa, na freguesia de Alvalade. O funeral foi realizado no cemitério de Melo, sua terra-natal e, a seu pedido, o caixão foi enterrado na ala do cemitério com vista para a Serra da Estrela.

 

Para saber mais, v. http://pt.wikipedia.org/wiki/Verg%C3%ADlio_Ferreira

 

tags:
publicado por elosclubedelisboa às 08:39
link | comentar | favorito
Sexta-feira, 18 de Março de 2011

CONVITE DA EMBAIXADA DE TIMOR LESTE

 

Sua Exa. Embaixadora da República Democrática de Timor Leste, em Portugal,

Natália Carrascalão e a Colares Editora têm o prazer de convidar para o lançamento do livro

CONTOS E LENDAS DA LUSOFONIA

M. Margarida Pereira-Müller

a realizar no próximo dia 31 de Março, às 18H30,

na Embaixada da República Democrática de Timor Leste, em Lisboa.

A apresentação estará a cargo do Dr. Luís Costa.

 

––––––––––––––––––––––––

Embaixada da República Democrática de Timor Leste

Largo dos Jerónimos, 3, 1.º – 1400-209 LISBOA

tags:
publicado por elosclubedelisboa às 19:34
link | comentar | favorito

METADE

 

Que a força do medo que eu tenho,

Não me impeça de ver o que anseio.

 

Que a morte de tudo o que acredito

Não me tape os ouvidos e a boca.

 

Porque metade de mim é o que eu grito,

Mas a outra metade é silêncio...

 

Que a música que eu ouço ao longe,

Seja linda, ainda que triste...

 

Que a mulher que eu amo

Seja para sempre amada

Mesmo que distante.

 

Porque metade de mim é partida,

Mas a outra metade é saudade.

 

Que as palavras que eu falo

Não sejam ouvidas como prece

E nem repetidas com fervor,

Apenas respeitadas,

Como a única coisa que resta

A um homem inundado de sentimentos.

 

Porque metade de mim é o que ouço,

Mas a outra metade é o que calo.

 

Que essa minha vontade de ir embora

Se transforme na calma e na paz

Que eu mereço.

 

E que essa tensão

Que me corrói por dentro

Seja um dia recompensada.

 

Porque metade de mim é o que eu penso,

Mas a outra metade é um vulcão.

 

Que o medo da solidão se afaste

E que o convívio comigo mesmo

Se torne ao menos suportável.

 

Que o espelho reflicta em meu rosto,

Um doce sorriso,

Que me lembro ter dado na infância.

 

Porque metade de mim

É a lembrança do que fui,

A outra metade eu não sei.

 

Que não seja preciso

Mais do que uma simples alegria

Para me fazer aquietar o espírito.

 

E que o teu silêncio

Me fale cada vez mais.

 

Porque metade de mim

É abrigo, mas a outra metade é cansaço.

 

Que a arte nos aponte uma resposta,

Mesmo que ela não saiba.

 

E que ninguém a tente complicar

Porque é preciso simplicidade

Para fazê-la florescer.

 

Porque metade de mim é plateia

E a outra metade é canção.

 

E que a minha loucura seja perdoada.

 

Porque metade de mim é amor,

E a outra metade...

Também

 

Ficheiro:Ferreira Gullar crop.png Ferreira Gullar

 

 

Ferreira Gullar, pseudónimo de José Ribamar Ferreira (São Luís, 10 de Setembro de 1930) é um poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo.

Em 1950 ganhou o concurso de poesia promovido pelo Jornal de Letras com o poema "O Galo".

No teatro, em 1966, com "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come" na que é considerada uma obra prima do teatro moderno brasileiro, ganhou os prémios Molière e Saci.

Em 2002, foi indicado por nove professores dos Estados Unidos, do Brasil e de Portugal para o Prémio Nobel de Literatura.

Em 2007, o seu livro Resmungos ganhou o Prémio Jabuti de melhor livro de ficção do ano.

O livro, editado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, reúne crónicas de Gullar publicadas no jornal "Folha de São Paulo" no ano de 2005.

Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.

Foi agraciado com o Prémio Camões 2010.

(para saber mais, v. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferreira_Gullar)

 

tags:
publicado por elosclubedelisboa às 08:06
link | comentar | ver comentários (1) | favorito
Quinta-feira, 17 de Março de 2011

OS HISTORIADORES RENEGADOS DE PORTUGAL - 2

 (*)

COLOMBO ERA PORTUGUÊS

 

Os historiadores renegados de Portugal ainda andam mais assanhados com este tema do Navegador Cristóvão Colon ou Colombo ser Português. Porquê? Eles aprenderam erradamente que este navegador nasceu em Génova e depois passaram anos a ensinar a mesma asneira.

 

Muitos destes historiadores renegados escrevem livros e artigos a defender a teoria que ele nasceu em Génova e alguns chegaram até a receber prémios do Governo Italiano e claro que agora não têm “cojones” para admitir que o que têm estado a ensinar aos seus alunos está errado! Nós em medicina mudamos de diagnóstico sem acanhamento nenhum, porque queremos o bem do doente, queremos curar o doente.

 

Não tomamos uma atitude “daqui não saio, daqui ninguém me tira”, como acontece com os historiadores! Para se fazer o diagnóstico científico da Portugalidade do Navegador Cristóvão Colon, é muito fácil se examinarmos os documentos coevos sem inventarmos fantasias baseadas na cabala ou imagens em espelho! Basta concentrarmo-nos nos seguintes dados:

 

(1) Duas Bulas Papais de 3 e 4 de Maio de 1493, que existem na Biblioteca do Vaticano, apresentando os seus textos totalmente escritos em latim, mas tendo o nome do Navegador escrito em português antigo ou seja: Cristofõm Colon.

 

(2) A Sigla do Navegador é muito simples se soubermos os significados da pontuação grega e certos termos próprios em latim e hebraico. Estas interpretações seriam um exercício fora do vulgar para todos os alunos de história.

 

(3) O Monograma do nome Salvador Fernandes Zarco

 

(4) A Bênção hebraica para o Filho Legítimo Diogo Colon

 

(5) O Brasão do Cristóvão Colon com as Quinas de Portugal

 

(6) Os 40 topónimos portugueses que o Navegador pôs a muitas ilhas das Caraíbas depois das quatro viagens que ele fez.

 

(7) Já se fizeram as análises do ADN em 477 homens oriundos de Espanha, do sul de França e do Norte de Itália, os quais assinaram os seus nomes testemunhando que eram descendentes directos do Navegador. Os resultados científicos provaram que NENHUM destes 477 IMPOSTORES tinha um cromossoma Y igual ao cromossoma Y do filho Fernando Colon e ao cromossoma Y do irmão Diogo Colon, (irmão do Navegador), os quais foram encontrados nos seus respectivos ossos preservados nos mausoléus na Catedral de Sevilha. Portanto já podemos concluir que baseados nos estudos científicos do ADN o Navegador Cristóvão Colon não podia ter sido italiano, nem francês, nem espanhol!!!

 

 Manuel Luciano da Silva

                 Médico

 

(*) http://www.google.pt/imgres?imgurl=https://1.bp.blogspot.com/_Vodj9_lVzRI/R1QQU-XYxJI/AAAAAAAABG4/1ZQce08zm94/s1600-R/colombo1.jpg&imgrefurl=http://ojazigodasnoticias.blogspot.com/2010/03/colombo-descobre-america-e-as.html&usg=__t-M6Tx0bNCvJceUfAFJr4H-aOKQ=&h=420&w=327&sz=40&hl=pt-pt&start=0&zoom=1&tbnid=8fJfO_1Yz8CdUM:&tbnh=159&tbnw=157&ei=MviBTYLkGYbXsgaH7fmtAw&prev=/images%3Fq%3Dcolombo%26um%3D1%26hl%3Dpt-pt%26sa%3DN%26biw%3D1007%26bih%3D681%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=783&vpy=109&dur=4571&hovh=254&hovw=198&tx=140&ty=122&oei=MviBTYLkGYbXsgaH7fmtAw&page=1&ndsp=12&ved=1t:429,r:3,s:0

tags:
publicado por elosclubedelisboa às 11:37
link | comentar | ver comentários (1) | favorito
Quarta-feira, 16 de Março de 2011

PORQUÊ «À RASCA»?

JOSÉ PEDRO COBRA FERREIRA (advogado)

 

http://www.youtube.com/watch?v=mGCokwtlU7U&feature=youtube_gdata_player

 

tags:
publicado por elosclubedelisboa às 00:07
link | comentar | ver comentários (1) | favorito
Terça-feira, 15 de Março de 2011

PENSAMENTOS MATINAIS – 2011

MARÇO, 05

 

Perdem o seu tempo os que nos procuram classificar. Portugal não cabe em nenhum modelo, seja político seja económico, pela simples razão que Portugal não é um país: Portugal é um poema

 

Luís Soares de Oliveira.bmp Luís Soares de Oliveira

tags:
publicado por elosclubedelisboa às 09:45
link | comentar | favorito
Segunda-feira, 14 de Março de 2011

Soneto quase inédito

 

Surge Janeiro frio e pardacento,

Descem da serra os lobos ao povoado;

Assentam-se os fantoches em São Bento

E o Decreto da fome é publicado.

 

Edita-se a novela do Orçamento;

Cresce a miséria ao povo amordaçado;

Mas os biltres do novo parlamento

Usufruem seis contos de ordenado.

 

E enquanto à fome o povo se estiola,

Certo santo pupilo de Loyola,

Mistura de judeu e de vilão,

 

Também faz o pequeno "sacrifício"

De trinta contos – só! - por seu ofício

Receber, a bem dele... e da nação.

 

 JOSÉ RÉGIO

 

 

José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, (Vila do Conde, 17 de Setembro de 1901 — Vila do Conde, 22 de Dezembro de 1969) foi um escritor português que viveu grande parte da sua vida na cidade de Portalegre (de 1928 a 1967). Foi possivelmente o único escritor em língua portuguesa a dominar com igual mestria todos os géneros literários: poeta, dramaturgo, romancista, novelista, contista, ensaísta, cronista, jornalista, crítico, autor de diário, memorialista, epistológrafo e historiador da literatura, para além de editor e diretor da influente revista literária Presença, desenhador, pintor, e grande colecionador de arte sacra e popular. Foi irmão do poeta, pintor e engenheiro Júlio Maria dos Reis Pereira.

 

Para saber mais, v. Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_R%C3%A9gio

 

tags:
publicado por elosclubedelisboa às 07:52
link | comentar | favorito
Domingo, 13 de Março de 2011

HISTÓRIA EM LISBOA – 2

 

LISBOA DO SOL NASCENTE – 1

 

 

D. Catarina, Infanta de Portugal e irmã do nosso rei D. Afonso V, nasceu em Lisboa a 26 de Novembro de 1436. Pessoa culta, dominava o latim e o grego traduzindo para português algumas obras importantes da sua época mas entregou-se à vida monástica depois do falecimento prematuro do seu primo D. Carlos, príncipe de Navarra, por quem se tinha apaixonado e a quem se prometera em casamento. Morreu aos 27 anos em Coimbra a 17 de Junho de 1463, pouco antes que a casassem com Eduardo IV de Inglaterra.

 

Trasladada de Coimbra para Lisboa, foi-lhe construído túmulo na Igreja do então novo Hospital de Todos os Santos e depois do terramoto de 1755 foi novamente trasladada para o Convento de Beato onde ainda hoje se encontra em local que parece actualmente desempenhar a útil mas pouco ilustre missão da armazenagem de massas alimentícias.

 

Para quem se preparara para ser rainha de Navarra e Aragão e posteriormente se viu quase a ter que ser rainha de Inglaterra, reconheçamos que nos estamos a esquecer um pouco de um valor histórico nacional que poderia ser enaltecido de múltiplas formas e nunca abandonado sob prateleiras de vitualhas industriais.

 

 Infanta D. Catarina

Para quem teve honras para figurar no painel de Nuno Gonçalves, mal parece que hoje esteja esquecida entre prateleiras de esparguete

 

 Tenhamos esperanças de que o IPPAR se debruce sobre a questão com a brevidade conveniente, já que tanto se esmerou para que nada se viesse a saber quanto ao ADN de D. Afonso Henriques. Antes que o Convento do Beato vá para obras... Sim, mais vale que vá para obras do que ficar como está que não é carne nem peixe no sentido de que não está recuperado mas também não é ruína. É uma coisa assim «a modos que» inacabada, com materiais modernos a segurar uma mistura de várias épocas de arquitectura, desde as medievais às renascentistas, tudo a revelar que foi local importante por várias vezes e que por outras tantas terá caído no esquecimento e abandono... Até que se passou para o esparguete e finalmente para as remunerativas festas de casamentos e baptizados.

 

 

Convento do Beato: da serenidade monacal aos bailaricos de casamentos e baptizados...

 

Erigido por ordem de D. Isabel, mulher de D. Afonso V, no local onde se encontrava uma capela em honra de S. Bento, ali mesmo sobre a margem do Tejo, o Convento do Beato começou por se chamar de S. Bento de Xabregas e teve como primeiro Dom Prior a Frei António da Conceição, membro da Ordem dos Cónegos Seculares de S. João Evangelista. De hábito azul, chamou-lhes o povo de lóios, sinónimo da dita cor.

 

O proselitismo religioso é norma de todo o Clero mas se há os religiosos que se dedicam a servir os confessos, outros há que optam pela conquista de novas almas para o rebanho e dentre estes sobressaíram sempre estes Cónegos de S. João Evangelista praticando aquilo a que hoje poderemos chamar uma verdadeira “política de fronteira”. Por isso foi tão forte a presença dos Lóios nas terras alentejanas e daí a necessidade de disporem de um local de apoio e refúgio na retaguarda da primeira linha de combate na missão que se atribuíram. O Convento de Xabregas, implantado no então limite da antiga terra cristã, passou a servir de local de tratamento e repouso aos membros da Ordem que se apresentassem doentes e cansados das tarefas de missionação. Aproveitava-se igualmente da sua localização para servir as populações vizinhas, sempre carentes de cuidados de saúde, alimento e conforto espiritual.

 

De tanto bem-fazer, quando Frei António da Conceição morreu, logo o povo o tratou de Santo não perdendo a Ordem a oportunidade de encetar junto da Santa Sé o respectivo processo de canonização. Assim se formalizou a beatificação de Frei António.

 

Mas os residentes no Convento de Xabregas começaram a envelhecer e a morrer com toda a naturalidade até que chegou ao fim da vida o último Cónego encarregue do dito processo de canonização. Não houve quem o substituísse até à extinção das Ordens religiosas em Portugal, o Beato António não chegou a Santo e o Convento de S. Bento de Xabregas passou a ser conhecido por Convento do Beato.

 

Bragança_2007-1.jpg Henrique Salles da Fonseca

tags:
publicado por elosclubedelisboa às 09:04
link | comentar | ver comentários (3) | favorito

.mais sobre mim

.pesquisar

 

.Agosto 2011

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
11
12
13

14
15
16
17
18
19
20

21
22
23
24
25
26
27

28
29
30
31


.posts recentes

. TE DEUM – JOÃO DOMINGOS B...

. Organização Mundial de Me...

. GALAICO-PORTUGUÊS - LÍNGU...

. MACAU - PADRE RUIZ

. PINTOR ANTÓNIO CASIMIRO

. COISAS DA ÍNDIA - 2

. Beato Diogo de Carvalho

. MUSEU DE ÉVORA

. REPORTAGEM

. “OMENS” SEM “H”

.arquivos

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

.tags

. todas as tags

.links

blogs SAPO

.subscrever feeds