Joaquim Chissano na sessão de autógrafos
“A arte de escrever ou dialogar connosco próprios e, às vezes, com os outros não é fantasia (...). Mais ainda, não é para todos. Ai de nós se todos fôssemos escritores: o mundo seria uma catástrofe”.
O anfiteatro da Universidade A Politécnica foi pequeno para acolher centenas de pessoas que se deslocaram àquela universidade para testemunharem o lançamento do primeiro volume - de um total de três - do livro de memórias do antigo chefe do estado moçambicano, Joaquim Chissano. O acto contou com a presença do Presidente da República, Armando Guebuza, membros do governo, deputados, antigos governantes, religiosos, entre outras personalidades oriundas de todas as forças vivas da sociedade moçambicana.
A apresentação do livro esteve a cargo do antigo primeiro-ministro e amigo pessoal do autor da obra, Pascoal Mocumbi. Fugindo ao ritual deste tipo de eventos, Mocumbi preferiu não falar de Chissano, justificando que todos o “conheciam”.
Preferiu, sim, fazer uma espécie de “digressão sobre a arte de escrever”, e, diga-se de passagem, não decepcionou a plateia numerosa que ali se encontrava.
Mocumbi elogiou a coragem de Joaquim Chissano, que decidiu aventurar-se no mundo da escrita, na medida em que a arte de escrever ou dialogar connosco próprios e, às vezes, com os outros não é fantasia; também não é esconderijo. Mais ainda, não é para todos. Ai de nós se todos fôssemos escritores. O mundo seria uma catástrofe...”, disse Mocumbi, para num outro desenvolvimento lançar um repto para os nossos criadores: “A criatividade tem um poderosíssimo inimigo: a fama. Ela destrói toda a criatividade. Quem sobe ao patamar da fama tem de escolher entre permanecer pelo resto da vida nesse nível ou descer e continuar a ser criativo.
Um indivíduo famoso torna-se objecto ou boneco articulado dos que lhe atribuem tal fama. Ele tem de passar a fazer o que os outros quiserem. Se ele se portar de forma diferente, será destronado e cairá em desgraça (...) um indivíduo famoso vive num permanente estado de medo e deixa de criar, para não errar. Receia o novo e acomoda-se no velho. Fica à sombra da fama e, como criador, morre...”, disse, citando na ocasião o académico francês Jean-Paul Sartre, que recusou o prémio Nobel da literatura, alegando que “um prémio Nobel nada me pode acrescentar, pelo contrário, faz-me decair. É bom para os amadores que procuram reconhecimento”.
Como na óptica de Mocumbi, Chissano não precisa de provar nada a ninguém, afirmou que, na obra ora apresentada, “Joaquim Chissano usa as suas habilidades literárias para nos revelar a sua origem e o caminho trilhado.
Relata a sua vida, ao mesmo tempo que descreve o ambiente, identifica as pessoas com quem interage e fala das actividades em que se envolve, analisado o que se passa à sua volta. O autor fá-lo com recurso a uma abordagem tal que cativa o leitor, levando-o a prosseguir a leitura com evidente dificuldade de a interromper.
“Chissano dá-nos a conhecer o facto de ter nascido num ambiente de pobreza, como foi e é o caso da maioria das crianças moçambicanas.
Não só conseguiu sobreviver às doenças, como o paludismo, que ceifaram e continuam a matar milhões de crianças na primeira idade, isto é, com menos de cinco anos de idade, mas também se destacou do resto da família, para emergir como um líder reconhecido a nível nacional e internacional”, disse.
“Não sou um mito”
Intervindo na ocasião, o autor da obra, Joaquim Chissano, pediu para que as pessoas não o vejam muito menos o tratem como uma personalidade mitológica.
“Tentei, neste livro, repelir qualquer tentativa de mistificação da pessoa de Joaquim Chissano, porque não é um mito e não quer ser um mito”, disse Joaquim Chissano, que revelou ainda que os próximos dois volumes poderão “levar algum tempo para sair”, em face das investigações em curso.
O PAÍS – 30.03.2011
In http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2011/03/n%C3%A3o-sou-um-mito.html
Carlos Barreira da Costa, médico Otorrinolaringologista da mui nobre e Invicta cidade do Porto, decidiu compilar no seu livro "A Medicina na Voz do Povo", com o inestimável contributo de muitos colegas de profissão, trinta anos de histórias, crenças e dizeres ouvidos durante o exercício desta peculiar forma de apostolado que é a prática da medicina. E dele vão verdadeiras jóias deste tão pouco conhecido léxico.
O diálogo com um paciente com patologia da boca, olhos, ouvidos, nariz e garganta é sempre um desafio para o clínico:
"Não sei se isto que tenho no ouvido é cera ou caruncho".
"Isto deu-me de ter metido a cabeça no frigorífico. Um mês depois fui ao Hospital e disseram-me que tinha bolhas de ar no ouvido".
"Ouço mal, vejo mal, tenho a mente descaída".
"Fui ao Ftalmologista, meteu-me uns parafusinhos nos olhos a ver se as lágrimas saiam".
"Tenho a língua cheia de Áfricas".
"Gostava que as papilas gustativas se manifestassem a meu favor".
"O dente arrecolhia pus e na altura em que arrecolhia às imidulas infeccionava-as".
"A garganta traqueia-me, dá-me aqueles estalinhos e depois fica melhor".
As perturbações da fala impacientam o doente:
"Na voz sinto aquilo tudo embuzinado".
"Não tenho dores, a voz é que está muito fosforenta".
"Tenho humidade gordurosa nas cordas vocais".
"O meu pai morreu de tísica na laringe".
Os "problemas da cabeça" são muito frequentes:
"Há dias fiz um exame ao capacete no Hospital de S. João".
"Andei num Neurologista que disse que parti o penedo, o rochedo ou lá o que é...".
"Fui a um desses médicos que não consultam a gente, só falam pra nós".
"Vem-me muitos palpites ruins, assim de baixo para cima...".
"A minha cabecinha começa assim a ferver e fico com ela húmida, assim aos tombos, a trabalhar".
"Ou caiu da burra ou foi um ataque cardeal".
As dores da coluna e do aparelho muscular e esquelético são difíceis de suportar:
"Metade das minhas doenças é desfalsificação dos ossos e intendência para a tensão alta".
"O pouco cálcio que tenho acumula-se na fractura".
"Já tenho os ossos desclassificados".
"Alem das itroses tenho classificação ossal".
"O meu reumatismo é climático".
"É uma dor insepulcrável".
"Tenho artroses remodeladas e de densidade forte".
"Estou desconfiado que tenho uma hérnia de escala".
O português bebe e fuma muito e desculpa-se com frequência:
"Tomo um vinho que não me assobe à cabeça".
"Eu abuso um pouco da água do Luso".
"Não era ébrio nato mas abusava um pouco do álcool"
"Fujo dos antibióticos por causa do estômago. Prefiro remédios caseiros, a aguardente queimada faz-me muito bem".
"Eu sou um fumador invertebrado".
O aparelho digestivo origina sempre muitas queixas:
"Fui operado ao panquecas".
"Tive três úlceras: uma macho, uma fêmea e uma de gastrina".
"Ando com o fígado elevado. Já o tive a 40, mas agora está mais baixo".
"Eu era muito encharcado a essa coisa da azia".
"Tenho pedra na basílica".
"Fizeram-me um exame que era uma televisão a trabalhar e eu a comer papa".
"Fiz uma mamografia ao intestino".
"O meu filho foi operado ao pence (apêndice) mas não lhe puseram os trenos (drenos), encheu o pipo e teve que pôr o soma (sonda)".
Os medicamentos e os seus efeitos prestam-se às maiores confusões:
"Ando a tomar o EspermaCanulado"- Espasmo Canulase
"Tenho cataratas na vista e ando a tomar o Simião" - Sermion
"Andei a tomar umas injecções de Esferovite" - Parenterovit
"Era um antibiótico perlim pim pim mas não me fez nada" - Piprilim
"Agora estou melhor, tomo o Bate Certo" - Betaserc
"Tomo o Sigerom e o Chico Bem" - Stugeron e Gincoben
"Ando a tomar o Castro Leão" - Castilium
"Tomei Sexovir" - Isovir
"Tomo uma cábulas à noite".
"Tomei uns comprimidos "jaunes", assim amarelados".
"Tomo uns comprimidos a modos de umas aboborinhas".
"Receitou-me uns comprimidos que me põem um pouco tonha".
"Estava a ficar com os abéticos no sangue".
"Diz lá no papel que o medicamento podia dar muitas complicações e alienações".
"Quando acordo mais descaída tomo comprimidos de alta potência e fico logo melhor".
"Na minha opinião sinto-me com melhores sintomas".
O que os doentes pensam do médico:
"Também desculpe, aquela médica não tinha modinhos nenhuns".
"Especialista, médico, mas entendido!".
"Não sou muito afluente de vir aos médicos".
"Quando eu estou mal, os senhores são Deus, mas se me vejo de saúde acho-vos uns estapores".
"Gosto do Senhor Doutor! Diz logo o que tem a dizer, não anda a engasular ninguém".
"Não há melhor doente que eu! Faço tudo o que me mandam, com aquela coisa de não morrer".
Em relação ao doente o humor deve sempre prevalecer sobre a sisudez e o distanciamento. Senão atentem neste "clássico":
"Ó Senhor Doutor, e eu posso tomar estes comprimidos com a menstruação?
Ao que o médico retorque: "Claro que pode. Mas se os tomar com água é capaz de não ser pior ideia.”
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PORTUGAL VISTO DE HELICÓPETRO DESDE LISBOA ATÉ AO SUL
Já andou de helicóptero?!... Se não andou, anda agora. Se já andou... anda outra vez! Veja como é bonito este nosso pequeno país !... Do lado direito, clicando, pode escolher: Lisboa, Sesimbra, Alentejo ou Sintra para ver em pormenor...
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o Imperador Kangxi
e Pedro o Grande da Rússia
O jesuíta Tomás Pereira, nascido perto de Famalicão, São Martinho do Vale, em 1645 e falecido em 1708, foi uma das mais importantes figuras da História da China do século XVII, da história em geral, e um orgulho para os portugueses... que sabem da sua existência!
Professor pessoal, intérprete e conselheiro do imperador chinês Kangxi, com quem privou 35 anos, Tomás Pereira, pelas posições que ocupava, acompanhou importantes acontecimentos políticos da China.
Desde há séculos a China só fazia guerra aos Tártaros e, para evitar e expansão territorial dos russos, nos confins da Sibéria, o imperador decidiu mandar uma embaixada à Rússia para estabelecer, definitivamente, os limites territoriais de cada império, numa área de seculares desentendimentos entre as duas nações, o que veio a resolver-se com o Tratado de Nerchinsk, cujas negociações demoraram dois anos, e se concluiu em 1689.
Por ser considerado um elemento de toda a confiança, o padre Tomás Pereira, e seu colega, também jesuíta, francês, Jean-François Gerbillon, foram encarregados de acompanhar essa embaixada, uma vez que a China não sabia nada de tratados e direto internacional, falava-se unicamente chinês, e ninguém sabia qualquer outra língua “ocidental”.
Busto do padre Tomás Pereira na sua terra natal
O padre Pereira concluiu ainda um tratado sobre budismo chinês e o primeiro tratado de musica ocidental (também convertido para chinês), e foi o responsável pelo Calendário Astronômico, instrumento indispensável na vida política chinesa daquele tempo – nele eram determinadas as datas das cerimônias religiosas que o imperador, como representante do reino do Céu, tinha que presidir.
Essa confiança do soberano chinês culminou com a publicação do Édito de Tolerância de 22 de Março de 1692 permitindo a difusão e prática do Cristianismo na China.
Demonstrou, com este gesto, o Imperador Kangxi, uma invulgar abertura ao Ocidente da qual resultou, não apenas o florescimento da Missão Católica e a confirmação da respeitabilidade do saber ocidental na China, como assegurou a frágil situação de Macau, o único entreposto europeu no Império.
O grande imperador Kangxi
Deixemos a China em paz e vejamos agora um pouco sobre o czar Pedro, o Grande, como ficou na história, não por ter cerca de dois metros de altura, mas pela sua imensa obra, considerado desde os dez anos de idade o czar, um jovem de extrema capacidade e inteligência, que decidiu transformar a Rússia, de um país ainda na idade média, para a moderna época que dominava a Europa.
O seu pai, czar Alexis, foi o primeiro a mandar construir casas de pedra em Moscovo! Até ali eram todas de madeira!
Pedro, aos dezessete anos, dominava toda a política, e iniciava a grande “revolução” cultural, social e militar na Rússia, com uma capacidade jamais igualada por qualquer outro monarca do mundo. Estudou todas as artes e ciências, astrologia, matemática, mais tarde em viagem pela Europa, na Holanda, quis aprender como se construíam navios e, saindo do palácio onde estava hospedado em Amsterdam, instalou-se num pequeno apartamento junto do cais e foi trabalhar junto aos operários na construção de uma nave, começando pelo mais humilde serviço, varrer o canteiro naval, até chegar a mestre. Logo os operários começaram a chamá-lo de Piterboss, o chefe! Foi isto rápido porque Pedro era assaz inteligente e trabalhador. No intervalo do almoço comia até junto com os operários.
O Grande Pedro I
Quando soube da embaixada que a China enviava, encarregou o Governador da Sibéria, um boiardo de nome Gollovin, para receber os chineses com a mesma pompa.
A embaixada da China era composta de sete embaixadores, os dois jesuítas e mais dez mil homens de guarda e para a carga de mantimentos e presentes!
Diz a história que a comitiva do Governador Gollovin superou a chinesa! A Rússia não se podia mostrar inferior à China!
O padre Tomás Pereira e seu colegas, foram homens chave nestas negociações! Além do mandarim, falavam latim. Do lado russo havia um único homem, alemão, da embaixada alemã em Moscovo, que falava também latim. E foi com estes interpretes que as duas grandes nações se entenderam! Demorou quase dois anos a conversação, o que não é para admirar. Detalhes a considerar, algumas exigências de parte a parte, e as múltiplas traduções que andavam de um lado para o outro!
Por fim, entendidos, assinaram um documento, feito em duas vias, em latim, com a indicação precisa dos limites territoriais, que todos os negociadores assinaram e juraram, em nome de Deus, e em duas “grandes e grossas” pedras de mármore, que ficaram a assinalar essa divisa, mandaram gravar o seguinte:
“Se alguém jamais tiver o pensamento secreto de reacender a guerra,
Nós pedimos ao Senhor soberano de todas as coisas,
Que conhece os corações,
De punir os traidores com uma morte precipitada.”
Bonito!
A Rússia, estava em boa parte já cristianizada, mas os chineses só conheciam os acontecimentos naturais, mas nem por isso deixavam de reconhecer a existência dum Ser superior “que conhece os corações”!
Acabaram as escaramuças entre tropas chinesas estacionadas na Manchúria, e os cossacos da região de Nerchinsk.
Este tratado durou duzentos anos, e o comércio fluiu entre ambas as partes.
N.- Este texto foi compilado de vários sites da Internet, mas sobretudo da “Histoire de l’Empire de Russie” de Voltaire.
Rio de Janeiro, 25-01-2011
Francisco Gomes de Amorim
CURIOSIDADES QUASE OCULTAS DA HISTÓRIA
Nasceu cerca do ano 450 da era cristã em Faughart perto de Dundarlk naquela ilha a que então se chamava Ibérnia e morreu em Kildare no dia 25 de Fevereiro de 525. Foi enterrada em Downpatrick junto dos túmulos de São Patrício e de São Colombo. Todos eles são hoje os padroeiros da Irlanda.
Filha do chefe de Leinster e de Brocca, uma das escravas da corte ibérnia, Brígida foi baptizada por Patrício, o monge que viria a ser canonizado e professou em Croghan onde foi ensinada por Mel de Armagh, outro monge que também viria a subir aos altares.
Em 470 fundou o mosteiro de Cill-Dara (Kildare em língua inglesa) assim se tornando a primeira Abadessa da primeira comunidade monacal feminina em toda a Ibérnia. Ali fundou uma escola e iniciou a construção da Catedral. Vários milagres lhe são atribuídos nomeadamente aquele que se conta sobre a transformação da água em leite para dar a uma criança com fome e o de um barril de leite por ela enviado para um vilarejo próximo que não se esvaziou enquanto todas as crianças do local não estavam alimentadas. No final de saciadas as crianças, do mesmo barril passou a jorrar cerveja destinada aos adultos. Diz a tradição que as vacas de Brígida davam leite três vezes por dia a fim satisfazer as necessidades de todos os pobres dos arredores da Abadia. Por este tipo de razões, a arte litúrgica a representa habitualmente com uma vaca a seu lado.
Brígida demonstrou uma extraordinária vida religiosa, interminável compaixão e um grande vigor para espalhar a Fé.
Em Inglaterra existem 19 igrejas que lhe são dedicadas sendo a de Londres a mais importante; na Escócia há duas e vários locais de Gales têm o nome “Llansantaffraid” que significa “Igreja de Santa Brígida”; em Itália há igrejas de Santa Brígida em Piacenza e em Fiesole.
A sua túnica encontra-se no Santuário de São Donato, na Bélgica e um sapato está no Museu de Dublin mas em 1283 foi decidido que a sua cabeça fosse enviada para a Terra Santa. Disso se encarregaram três cavaleiros que transportaram o crânio da Santa com a maior solenidade.
Fazendo escala em Lisboa, não terão tido os modos convenientes a uma perfeita harmonia com as autoridades locais pelo que, entrando em conflito aberto, foram mortos no campo do Lumiar.
O crânio de Santa Brígida ficou como relíquia de grande veneração na capela ali existente e os três cavaleiros foram sepultados em nichos abertos na parede norte do templo.
(*)
A actual Igreja paroquial do Lumiar data de 1603, guarda a venerável relíquia e exibe na sua parede norte os três túmulos dos cavaleiros ibérnios que ali foram pelejar e morrer. O seu Orago é S. João Baptista. Porquê?
Henrique Salles da Fonseca
NOTA FINAL: não confundir com Stª Brígida da Suécia
BIBLIOGRAFIA:
http://www.santosdaigrejacatolica.com/
A DESCOBERTA DA AUSTRÁLIA
Exemplo dum Mapa da Colectânea Vallard mostrando a Costa Oriental da Austrália
NÃO foram os historiadores renegados portugueses que descobriram que o Português Cristóvão de Mendonça, mandado pelo Rei D. Manuel I em 1522, foi à procura da “Ilha do Ouro”, chegando a dar a volta total ao continente australiano, registando toda a sua viagem em mapas coevos, com 120 topónimos portugueses, cujas cópias fazem parte da Colecção Vallard que está preservada na Biblioteca de Huntington em San Marino na Califórnia perto de Los Angeles, Estados Unidos da América.
Já foram escritos quatro livros por autores australianos - dois em inglês e dois em português - a afirmar que foi o Cristóvão de Mendonça que descobriu a Austrália 250 anos ANTES do inglês Francis Drake lá ter abordado.
Aqui estão os dados apresentados pelos dois autores australianos:
“The Secrete Discovery of Austrália” = “Descoberta Secreta da Austrália” pelo Advogado Kenneth McIntyre. Tradução da Fundação do Oriente. E o outro livro publicado na Austrália pelo jornalista cientifico Peter Trickett com o titulo de “Beyond Capricorn” – “Para além do Capricórnio” publicado já em Portugal.
Ambos estes livros apresentam dados arqueológicos:
(1) as ruínas dum Forte Português na Austrália;
(2) uma peça de chumbo usada pelos portugueses na pesca;
(3) uma peça de faiança portuguesa;
(4) um canhão português do século XVI e ainda;
(5) 15 mapas mostrando a costa marítima da Austrália com 120 topónimos portugueses.
Todos estes 15 mapas em pergaminho estão preservados numa caixa sem oxigénio na Biblioteca de Huntington, em San Marino na Califórnia, formando a famosa Colectânea de Vallard.
Os historiadores renegados vão perder!
Não temos dúvida absolutamente nenhuma que os historiadores renegados de Portugal vão perder estas três batalhas:
(1) da Pedra de Dighton,
(2) do Colombo Português e
(3) da descoberta da Austrália por Cristóvão de Mendonça em 1522.
Entretanto é realmente uma pena que esta vitória final tarde a chegar porque quem continua a perder é Portugal!
Não vou mencionar aqui os nomes dos historiadores renegados porque eles não merecem essa consideração. Pela sua teimosia vão morrer e não vão deixar nome nenhum na História de Portugal !
O Almirante Teixeira da Mota, que foi um grande pesquisador da Cartografia Portuguesa, antes de morrer, foi o único que aplaudiu as pesquisas de Kenneth McIntyre concordando com a descoberta da Austrália pelo Português Mendonça.
Devemos lembrar que durante o reinado de D. Manuel I, conhecido como “Rei da Pimenta”, porque pagava mal aos cartógrafos que trabalhavam na Casa da Índia, 62 desses cartógrafos portugueses saíram de Portugal e foram trabalhar para a Espanha, França, Holanda e Inglaterra.
Muitos mapas portugueses que existem hoje no mundo foram feitos por esses cartógrafos que passaram a ser chamados de “Traidores”.
Com a destruição da Casa da Índia pelo Terramoto de 1755, hoje não teríamos a Colecção Vallard que foi feita na Escola Cartográfica de Dieppe, em França, pelos tais cartógrafos “Traidores” portugueses que abandonaram o Rei D. Manuel I.
Felizmente que a Colecção Vallard existe hoje para maior glória da História de Portugal! Com a confirmação da descoberta da Austrália por Cristóvão de Mendonça em 1522, podemos afirmar doravante que os navegadores portugueses descobriram o GLOBO TODO e não apenas dois terços!
Manuel Luciano da Silva
Médico
Vejo em tudo o teu nome,
Pátria minha,
Quando gente anónima,
Me interroga com o olhar.
Muitas vezes te cantei,
Em silêncio, secretamente.
Estás sozinha!
Infelizmente!
És contraste de gerações,
De língua e dialectos.
Ouço os clarins da revolta,
Mil palpitar de corações,
A transbordar afectos.
Há gente que se solta…
Posso fazer nada.
Há gente que zomba
Do meu desgosto.
Há gente afectada,
Que tomba,
Rindo caídos no chão.
Há lágrimas
Que me correm no rosto,
Outras molham-me o coração.
Luís Santiago
POEMAS DA INSÓNIA II
Nascido em Lisboa no ano de 1195, morreu em Vercelli no dia 13 de Junho de 1231; baptizado Fernão, ficou na História para nós, portugueses, como Santo António de Lisboa e de Pádua para os italianos.
Santo António pregando aos peixes - mural de azulejos, Guimarães
Historiadores do séc. XV admitiram a possibilidade de o seu pai, Martim de Bulhões, ser descendente de Godofredo de Bulhão, comandante da Primeira Cruzada e a sua mãe, Teresa Taveira, descendente de Fruela I, quarto rei das Astúrias e Leão que governou entre 757 e 768. Contudo, a genealogia completa ainda é incerta; tudo o que se sabe é que os seus pais eram nobres, ricos e tementes a Deus. Fernão nasceu rico numa casa próxima da Sé de Lisboa, com pais relativamente jovens.
Educado na escola da Sé, ingressou em 1210, aos 15 anos, no convento de Lisboa da Ordem de Santo Agostinho, o de S. Vicente. Dois anos depois e para evitar as frequentes visitas de amigos e familiares, pediu e obteve dos seus superiores a transferência para o Convento de Santa Cruz em Coimbra onde permaneceu oito anos. Muito estudioso e dotado de grande inteligência e excelente memória, cedo obteve um grande conhecimento das Sagradas Escrituras.
Em 1220, assistindo na Igreja de Santa Cruz aos actos fúnebres dos primeiros mártires Franciscanos mortos em Marrocos em 16 de Janeiro desse mesmo ano, optou pela via do sacrifício e eventual martírio e decidiu tornar-se Frade Menor de modo a pregar a Fé aos sarracenos. Tendo confidenciado as suas intenções a alguns membros do Convento dos Olivais, então arrabaldes de Coimbra, recebeu deles o hábito Franciscano. Assim foi como Fernão deixou a Ordem dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho para ingressar na Ordem dos Frades Menores, Franciscanos, onde tomou o nome de António. Este, o nome que o Convento dos Olivais viria em sua memória a adoptar também.
Pouco depois do seu ingresso na Ordem Franciscana, António seguiu para Marrocos mas adoeceu gravemente durante todo o Inverno e foi obrigado a regressar a Portugal na Primavera de 1221. Contudo, o barco em que navegava foi apanhado por forte tempestade e acostou involuntariamente à Sicília onde António permaneceu o tempo suficiente para se recompor dos problemas de saúde. Tendo entretanto ouvido dizer que um Capítulo Geral se reuniria em Assis a 30 de Maio, para lá se dirigiu a tempo de participar nos trabalhos. Concluída a reunião, António permaneceu no silêncio sem que mais se tenha ouvido falar dele.
“Não disse uma palavra sobre os seus estudos”, escreveu um dos seus primeiros biógrafos, “nem sobre os serviços que já prestara; o seu único desejo consistindo em seguir Jesus Cristo até um eventual martírio”. Assim, pediu para ser colocado num lugar em que pudesse viver em isolamento e penitência com vista a entrar mais profundamente no espírito e disciplina da vida Franciscana. Foi então colocado no Eremitério de Montepaolo (próximo de Forli) onde passou a celebrar Missa para os irmãos leigos ali residentes.
Certo dia reuniram-se em Forli inúmeros frades Franciscanos e Dominicanos para receberem a ordenação sendo que António estava presente apenas como acompanhante do Provincial. A certo momento concluiu-se que ninguém fora indigitado para fazer a Homilia e o Provincial Franciscano convidou o Superior Dominicano ali presente para indigitar algum dos seus para fazer a prática. Contudo, todos declinaram dizendo que não estavam devidamente preparados. Na emergência, coube a indigitação a António a quem todos julgavam apenas capaz de ler o Missal e o Breviário. Foi-lhe assim ordenado que dissesse o que o Espírito de Deus pusesse na sua boca.
Compelido pelo voto de obediência a que estava obrigado, António começou por falar lenta e timidamente mas depressa se entusiasmou e passou a explicar os mais recônditos significados das Santas Escrituras com tal erudição, profundidade e de tão sublime doutrina que todos os presentes se encheram de espanto. Aquele, o momento em que começou a carreira pública de António.
Informado da ocorrência, S. Francisco dirigiu-lhe a seguinte carta:
Ao Irmão António, meu Bispo (i.e. Professor de Ciências Sagradas), o Irmão Francisco envia as suas saudações. Será do meu agrado que vós ensinais Teologia à nossa irmandade considerando, contudo, que o espírito de oração e devoção não se extinga. Adeus. (1224)
Seguiu-se o ensino em Bolonha, Montpellier e Toulouse.
No entanto, foi sobretudo como orador – mais do que como Professor – que António fez a sua grande colheita. Num grau perfeitamente eminente, possuía todas as qualidades de um pregador eloquente: voz forte e clara, porte de ganhador, memória prodigiosa e os mais profundos e amplos conhecimentos da Doutrina. A estas características há a crescentar o espírito profético e um extraordinário dom miraculoso. Com o zelo de um apóstolo iniciou uma reforma da moralidade então vigente combatendo especialmente os vícios da luxúria, avareza e tirania. Distinguiu-se igualmente no combate aos hereges mais importantes naquela época, os Cátaros e os Patarinos que «infestavam» o centro e norte de Itália e os Albigenses no sul de França.
Dentre os muitos milagres que lhe são atribuídos, os mais referidos pelos seus biógrafos são:
• O de um cavalo em Rimini que não comia havia já três dias recusando qualquer comida que lhe pusessem à frente, até que se ajoelhou em adoração perante as Sagradas Escrituras que Santo António lhe colocou à frente comendo então umas avelãs que lhe apresentaram;
• O da comida envenenada que uns heréticos italianos lhe apresentaram e que ele, com o sinal da cruz, transformou em inofensiva;
• O do famoso sermão aos peixes que ele proferiu nas margens do rio Brenta, próximo de Pádua.
Eis por que tanto o zelo no combate às heresias como as inúmeras conversões que fez lhe renderam o glorioso título de Malleus hereticorum, o Martelo dos Heréticos.
Henrique Salles da Fonseca
(*)http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Santo_Antonio_01b.jpg
BIBLIOGRAFIA:
“Enciclopédia Católica” em http://www.newadvent.org/cathen/index.html
Os nomes de família dos primeiros judeus americanos soam estranhamente familiares: Dias, Costa, Cardozo, Faro, Ferreira, Fonseca, Gomes, Lucena, Navarro, Nunes, Henriques, Machado, Maduro, Mendes, Mesquita, Pacheco, Peixotto, Pereira, Pinto, Penha, Seixas… Eram portugueses. Judeus portugueses do século XVII. Muitos deles “cristãos-novos”, que finalmente descartavam a capa que foram obrigados a envergar para escapar às fogueiras inquisitoriais; que ali procuravam abrigo, um refúgio da intolerância que mergulhava Portugal numa histeria de fanatismo sanguinário, que acabou por arrastar o país para um abismo do qual ainda hoje se sentem cicatrizes profundas. Os judeus portugueses chegaram a Nova Iorque a 7 de Setembro de 1654, quando a cidade era holandesa e ainda se chamava Nieuw Amsterdam. Faz hoje 351 anos [texto inicialmente publicado em 7 de Setembro de 2005].
Os primeiros vieram do Brasil, alguns depois de emigrarem primeiro de Lisboa para a Holanda. E tal como já acontecia na Holanda, estes emigrantes judeus de Nova Iorque eram conhecidos como “gente da Nação Portuguesa” (verHebrews of the Portuguese Nation). Mas para seguir a génese da comunidade judaica portuguesa em Nova Iorque é necessário primeiro viajar até ao Brasil colonial do século XVII, mais concretamente a Pernambuco, um território de extensão considerável capturado pelos holandeses em 1630.
Os judeus tinham desempenhado o seu papel na descoberta e colonização do Brasil. Desde 1500, quando Pedro Alvares Cabral desembarcou nas Terras de Vera Cruz acompanhado por Gaspar da Gama, um “cristão-novo”, até 1654, altura em que os portugueses expulsaram os holandeses, navegadores, pioneiros e colonos judeus ajudaram a moldar a história do Brasil. A Inquisição não tinha ainda atravessado o Atlântico e a distância emprestava uma ilusão de segurança. Muitos dos que ali chegavam eram deportados, condenados ao degredo por suspeita de judaísmo, transformando o território virtualmente numa colónia penal. Mesmo assim, o espectro inquisitorial pairava ainda na penumbra e sobre os judeus pesava o receio de poderem ser repatriados para Portugal a mando dos tribunais da Inquisição.
Num contraste extremo com o obscurantismo inquisitorial que dominava a península Ibérica, em Pernambuco a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais – responsável pela administração dos territórios da coroa dos Países Baixos nas Américas – proclamara logo de início, de forma inquestionável, a liberdade de consciência e de culto entre as populações das suas colónias:
“A liberdade dos espanhóis, portugueses e nativos, quer sejam [católicos] romanos ou judeus, será respeitada. A ninguém será permitido que os moleste ou os sujeite a inquirições em matéria de consciência ou nas suas casas privadas; e ninguém os ouse inquietar ou perturbar ou causar-lhes dano – sob pena de punição arbitrária ou, dependendo das circunstâncias, de severa e exemplar reprovação.”
in “Leis e Regimentos das Índias Ocidentais”, citada por Arnold Wiznitzer, “The Records of the Earliest Jewish Community in New York” (1957).
Apesar de algumas tentativas por parte de clérigos para restringir estas liberdades (especialmente contra os católicos, tidos como inimigos naturais dos calvinistas), a Companhia Holandesa das índias Ocidentais reafirmaria por várias vezes os princípios de tolerância. Perseguidos pela Inquisição em Portugal, este pedaço de “Brasil Holandês” aparecia aos olhos dos judeus portugueses como um oásis de tolerância, que lhes permitia praticar a sua religião livremente, libertando-os do receio, constante e real, das torturas inquisitoriais ou da morte nas fogueiras dos “autos-de-fé”. E assim foi durante 24 anos. No Pernambuco holandês, sob a administração de João Maurício de Nassau, a comunidade de emigrantes judeus de Portugal floresceu, fundando a primeira sinagoga das Américas, a Kahal Tzur Israel (Comunidade Rochedo de Israel), em 1637.
A 26 de Janeiro de 1654 as tropas portuguesas reconquistam o Recife com um ataque de proporções épicas, comandadas pelo general luso-brasileiro Francisco Barreto de Menezes – que a partir de então ficaria conhecido como “o restaurador de Pernambuco” –, pondo fim ao domínio holandês naquela região do Brasil.
Fólio do manuscrito de “Regras Benéficas e Restrições” para o governo da Sinagoga Shearith Israel, escrito em português e inglês, lavrado em Nova Iorque, em 1728.
Os termos da rendição, assinados em Taborda, perto do Recife, são generosos para com os derrotados, dando aos holandeses um prazo de três meses (que seria prorrogado por mais três) para se retirarem do território recém conquistado, período durante o qual, segundo os mesmos termos, “não serão molestados ou vexados e serão tratados com respeito e cortesia.” Surpreendentemente, o general Barreto de Menezes mostra uma tolerância muito pouco habitual ao permitir igualmente (ajudando até) a saída dos judeus portugueses, apesar destes terem passado a ficar sob a alçada da Inquisição, o que lhe teria à partida vedado qualquer possibilidade de clemência. A lei exigia a deportação imediata dos judeus para Portugal.
A 20 de Fevereiro de 1654 os funcionários do tesouro real efectuaram um inventário de todas as casas no Recife e Maurícia anotando os seguintes nomes como “judeus proprietários de casas e lojas”: Jacob Valverde, Moisés Netto, Moisés Zacutto, Jacob Fundão, Moisés Navarro, David Atias, Benjamin de Pina, Abraão de Azevedo, João de Lafaia; Gil Correa, Gabriel Castanha, Gaspar Francisco da Costa, Fernão Martins, Duarte Saraiva e David Brandão. Outras aparecem mencionadas no inventário como “casa de judeus”, mas o nome dos seus proprietários não consta do documento.
Devido à escassez de embarcações holandesas que possibilitassem uma evacuação total, o general Barreto de Menezes ofereceu navios portugueses para transportar os judeus e assim os ajudar a escapar à Inquisição. Este gesto não seria esquecido, e os anais da história judaica portuguesa registam ainda hoje o nome de Francisco Barreto de Menezes, católico e “cristão-velho”, como um homem de nobre carácter – um hassid umot ha’olam (gentio justo e íntegro do mundo.)
Ao todo, 16 navios portugueses foram colocados à disposição dos seus compatriotas judeus pelo general Barreto de Menezes e a esmagadora maioria das cerca de 150 famílias judias do Brasil Holandês partiu em direcção à Holanda. Alguns optaram por ficar nas colónias holandeses nas Caraíbas onde, ainda hoje, a predominância de nomes de família portugueses (e a linguagem litúrgica) entre os judeus sefarditas do Suriname e de Curaçao prova essa ligação ancestral (ver também bloGUSblog: A estrela oculta do sertão, sobre os descendentes dos judeus portugueses que ainda restam no sertão brasileiro.)
Corsários, piratas e a intolerância religiosa ibérica tornariam ainda mais complicada a já difícil viagem de alguns deste judeus. Em Amsterdão, o rabino português Saul Levi Morteira – professor de Baruch Spinoza e mais tarde seu “excomungador” – deu conta dos percalços sofridos por uma destas embarcações no livro Providência de Deus com Israel, um manuscrito não publicado do qual apenas restam seis cópias:
“O navio foi capturado pelos espanhóis, que queriam entregar os pobres judeus à Inquisição. Ainda assim, antes de poderem cumprir os seus ímpios desígnios, o Senhor fez aparecer um navio francês que libertou os judeus dos espanhóis, levando-os depois para África, posto o que chegaram salvos e em paz à Holanda.”
Um outro navio, atacado por piratas ao largo do cabo de Santo António, em Cuba, seria também resgatado por um barco francês – o Sainte Cetherine, comandado pelo capitão Jacques de la Motthe. A 7 de Setembro de 1654, com 23 judeus portugueses a bordo, o Sainte Cetherine aporta a Nieuw Amsterdam, na ilha holandesa de Manhattan, a cidade que mais tarde passaria a ser conhecida como Nova Iorque. Era o primeiro grupo de judeus a chegar à América do Norte. Faz hoje precisamente 351 anos. [texto inicialmente publicado em 7 de Setembro de 2005].
Destas vinte e três pessoas – homens, mulheres e crianças – sabe-se hoje muito pouco. São seis famílias, encabeçadas por quatro homens e duas viúvas. Só os seus nomes são mencionados nos registos oficiais. Mesmo assim é fácil adivinhar-lhes a proveniência: Abraão Israel Dias, Moisés Lumbroso, David Israel Faro, Asher Levy, Enrica Nunes e Judite Mercado.
A princípio, reticente, o governador holandês Peter Stuyvesant opôs-se à permanência dos judeus, escrevendo aos seus superiores argumentando que “se deixamos vir os judeus não tardam a vir os papistas.” O desespero de Stuyvesant aumentaria ainda mais quando os judeus apresentaram uma petição à Companhia Holandesa das Índias Ocidentais para poder fazer na Nova Amsterdão o que faziam em Pernambuco – viver livremente. A resposta da companhia foi favorável :
“Após muita deliberação, resolvemos dar provimento à petição apresentada por certos mercadores [judeus] da Nação Portuguesa, julgando-a favorável, para que eles possam viajar e comerciar com e na Nova Holanda e viver dentro dos seus limites.”
(*)
A Sinagoga de Manhattan, Shearith Israel
Em 1664, Nieuw Amsterdam passa para a coroa britânica e muda de nome. Dai para a frente será New York. Por volta de 1695, apesar de algumas restrições, os judeus tinham a sua primeira sinagoga improvisada, e a 8 de Abril de 1730 era dedicada a primeira sinagoga de raiz da comunidade que, logo à chegada, em 1654, escolhera o nome de Shearith Israel (Remanescente de Israel). Até ao final do século XIX tiveram duas línguas “sagradas”, ditadas pelos genes, pela fé e pelo apelo da memória. Faziam-se as orações em hebraico. Em português escreviam-se os documentos.
7 de Setembro de 2005
Este post integra-se num “blogburst” promovido por Jonathan Edelstein, destinado a celebrar Arrival Day, o Dia da Chegada, que assinala o aniversário do desembarque dos primeiros judeus em Nova Iorque, a 7 de Setembro de 1654
Jorge de Lemos Peixoto
(*)
Universidade de Lisboa, onde a inovação inesperadamente acontece
Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento.
Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus!
Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas: Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.
Fernanda Braga da Cruz *
* Aluna de Letras que assim obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
(*)http://www.fullcost2009.ul.pt/imagens/fotos/fachada_reitoria.jpg
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